Como de todas e todos é sabido pela imprensa galega, o 25 de Maio vai-se celebrar o I Dia do Orgulho Luso-Reintegrata e o VII Dia Internacional da Toalha.
Embora eu (lusista_com_trastorno-bipolar mais do que ludo-lusista) não seja por quaisquer Proud e ambos 2 eventos podam a priori não semelhar muito a ver, eles têm, em realidade, uma importante ligação -aliás, muito óbvia para qualquer de Vigo, no mínimo. Lembrei isto quando li no fórum do Portal Galego da Língua o artigo de um professor publicado no Jornal de Noticias, relatando as suas viagens à Galiza de há uns anos.
Pois. Todos os vigueses -os de Coimbra não sei- da geração de 70 sabem que a toalha é um elemento fundamental no proto-reintegracionismo da nossa época. Era alegadamente por toalhas que os nossos pais iam a Valença (em Portugal), e nós com eles, utilizados como pequenos escudos humanos para passar a fronteira. Lá em Valença, sempre por toalhas, foi onde alguns começamos ou terminamos por enrocar no reintegracionismo. Era aquele choque de passar para o estrangeiro -sem medo, sem ira e sem saudade, por mais toalhas- e olhar indicadores em um galego escrito com j's de Campos de Jogos, onde os indicadores não eram vandalizados para galego por estarem em espanhol, onde estavam já em galego com j's e uns ç's (!) como as do Barça: era Valença, cousa enviesada.
E eram principalmente as toalhas (ou os galos de Barcelos com barómetro) os elementos que se colocavam bem à vista quando na bagageira do carro, ou na cabeça dos que guiavam a viatura, ia qualquer cousa ou pensamento que não devia ser declarado ou detectado na alfândega. Nós íamos como figurantes de corriqueira cena familiar, "Mais outros que vieram por toalhas" pensava a polícia, olhando para nós-meninos e para uma expo de têxtil minhoto dentro do 127, e deixavam passar. Deixavam quase sempre. Pelas toalhas à vista era quiçá que tudo podia ser introduzido.
Fanecas bravas
Os estudos nem estão concretizados nem são unânimes, mas o facto de deitar-se horas ao sol ou esfregar-se em aquelas toalhas e as hipóteses de surtos de reintegracionismo a longo prazo resultam de cada vez mais incontornáveis. Combinado a isto, ser picado em Samil por faneca brava (especificamente treinada em comandos na foz do Douro e Mar da Palha para incutir reintegracionismo na população galega) deu, no alvo atingido, lusismo sem remédio. Verdades que doem. Se as fanecas bravas eram atraídas, se detectavam ou não, o arrecendo daquelas toalhas é questão ainda por esclarecer.
Então, entre a Galiza e Portugal; muito depois, sim, de amigas sem fanequeiras cercadas por ondas, de Pedro Madruga, de Pessoa reivindicar o estado galaico-português, mas antes da supressão das alfândegas, do Eixo Atlântico, a euroregião, antes da elevação do património imaterial, estiveram...humildes, cúmplices, enormes...o que? Ninguém esqueça: As Toalhas.
João M. Lombardeiro naceu en Vigo, en 1970. Na primeira metade dos 90 formou parte da redacción da revista Eis. Foi colaborador da revista Xo!. »